Muito mais que um cabelo, o resgate da minha essência

Ariane Santos levou um tempo para amar o seu cabelo. Mas ao perceber que ele é parte de sua essência e o poder que carrega consigo, passou por uma transição e hoje inspira outras mulheres.

“Desde muito nova e ao ingressar no mercado de trabalho, sempre fui estigada a manter um padrão de vestimenta e penteado. O cabelo liso era considerado o arrumado, enquanto o crespo era o oposto. Essa crença me acompanhou durante a infância. Naquela época, isso era ainda mais agravante, uma vez que o conhecimento para um tratamento adequado do cabelo afro era baixo.

Por pressão de padrões estéticos impostos pela sociedade, realizei tratamentos de alisamento químico desde muito cedo. Por muito tempo eu não sabia como era meu cabelo natural.

A importância dos grupos de apoio

Por influência da minha irmã mais velha, passei a olhar para o meu cabelo de forma diferente. Juntas começamos a pesquisar como fazer a transição capilar e cuidar melhor do cabelo crespo. Entendemos que o mercado de trabalho e o mundo não devem alterar a forma como enxergarmos a nossa beleza e as nossas raízes.

O apoio de alguém que entende suas dores e recebeu os mesmos olhares de desaprovação é essencial para fortalecer as nossas escolhas de resistência. Isso reflete a importância de uma rede de apoio.

Hoje, me sinto bem ao sair com meu cabelo natural ou com tranças box braids, na empresa ou em situações sociais. Recebo elogios dos colegas de trabalho na Accenture, que acompanharam meu processo de transição. Esta mudança inspira outras mulheres a assumirem e a amarem seus cabelos naturais e usá-los da forma que se sentem mais felizes. Não é apenas um cabelo, mas o resgate da minha essência.”