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Carregar no coração a principal motivação
30 março 2022
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30 março 2022
A vida pode escrever nossa própria história por linhas tão tortas que não somos capazes de entender o porquê. Sem razão ou sem compreensão, no fim, cada parte da nossa trajetória constrói quem nós somos e onde iremos chegar. David Cerqueira teve que enfrentar muita coisa até chegar aonde está hoje, como Genew na Accenture. Sua história é inspiradora, emocionante e, sem sobra de dúvida, um exemplo para todos:
“Tenho 19 anos e moro atualmente em Guarulhos, São Paulo. Nasci em Ermelino Matarazzo-SP, local onde morei o primeiro ano da minha vida. Me mudei duas vezes e quanto tinha uma média de três anos, me mudei para o Cangaíba, zona leste de São Paulo, local onde passei toda a minha infância. Foi uma infância bem comum comparada à maioria das crianças da zona leste de São Paulo. Além de comum, também foi bem humilde, vindo de família classe média onde meu pai trabalhava como motoboy e minha mãe no meio administrativo. Cresci envolvido neste meio, até porque sempre ficava com a minha mãe no serviço dela, isso quando não estava na escola.
Durante este período, tive que superar diversos problemas, conflitos familiares, problemas de renda, bullying e com certeza o pior de todos, o falecimento da minha mãe. Em meados dos meus oito anos, meu pai virou caminhoneiro, isso fez com que ele viajasse muito e passasse um pequeno período fora de casa, o que, consequentemente, fez com que eu passasse grande parte da minha infância com a minha mãe. Ela sempre foi “meu tudo”, era a pessoa que me levava ao futebol, escola, cuidava dos meus machucados, quem literalmente me viu crescer. Ela sentia a obrigação de acompanhar cada fase da minha vida, já que meu pai viajava bastante a serviço, logo, esteve presente em tudo que eu fiz e sempre fez de tudo para me dar o maior conforto que eu poderia ter. Nos meus 11 anos, minha mãe veio a óbito por leucemia. Ali o meu chão se abriu, eu havia perdido tudo o que sempre me sustentou, consequentemente, me vi perdido.
Após a sua morte, eu praticamente com 12 anos, me mudei para o bairro dos Pimentas, em Guarulhos, lugar onde moro até hoje. Mudei-me para cá, para ficar mais próximo da minha avó. Tudo esses fatores tornaram a minha infância ainda mais complicada: problemas de adaptação, ausência de amigos, bullying. Considero que acabei amadurecendo rápido demais, até porque, crianças da minha idade gostavam de pular, brincar e se divertir de diversas maneiras, enquanto eu sempre ficava isolado, pois lidar com o luto de perder a minha mãe me afastava de me envolver com outras crianças, o que fez com que elas me vissem como o “esquisito”.
Lidar com todas essas situações e sentimentos foram desafios que eu consegui enfrentar melhor graças à escrita. Eu comecei a escrever com uns 14 anos, pois era a única coisa que me sobrava, era onde eu podia concentrar qualquer sentimento dentro do meu coração e descarregar para fora de mim. Eu costumo dizer que os textos que escrevi me salvaram de tudo de ruim que poderia ter me acontecido, desde lagrimas à depressão. Meus textos me ajudavam, além de descarregar meus sentimentos, também a entendê-los. Por meio deles, eu compreendi muito da dor que eu sentia.
A partir dos meus 15 anos eu decidi como eu queria que fosse o meu futuro, que eu queria um bom emprego, uma vida estável e tudo mais, minha maior motivação para correr atrás de tudo foi a minha mãe. Mesmo não estando fisicamente comigo, cada passo da minha vida eu não executava apenas por mim, sempre pensava antes em como ela se sentiria e como ela julgaria meu possível ato. Devido a este pensamento, evitei muitas coisas ruins que eu poderia ter feito em uma parte da minha vida. Hoje, mesmo tendo apenas 19 anos, sou um homem com muito a aprender, mas sei que graças a muita dor, acabei vivendo situações que outros meninos da minha idade as vezes não entendem.
Atualmente, estou no quinto semestre de ciência da computação, trabalho nessa empresa maravilhosa que é a Accenture, tenho minhas pequenas conquistas e pretendo seguir este caminho com muito mais vitórias. Hoje realizo diversos objetivos que tinha quando era criança, contrariando o que ouvi de diversas pessoas, realizações que até eu mesmo já duvidei em algum momento, porém, em decorrência de muita determinação, estou em um lugar que eu sempre quis.
Sei que ainda realizarei o meu maior sonho e que ainda concluirei diversas metas em minha vida, mas, além de todos os meus objetivos pessoais, sei que o maior deles eu já estou vivendo, que é saber que, onde minha mãe estiver, ela com certeza está orgulhosa de ver o caminho que o filho dela está traçando”.